domingo, dezembro 31, 2006

Bom Ano de 2007


A tradição ainda é o que foi outrora. Nesta quadra, expressamos os nossos sentimentos de amizade àqueles que nos rodeiam - ou estão longe - mas, com os quais estamos em comunhão. Formulamos votos de que alcancem o que pretendem e para isso, utilizamos os mais variados meios, muitas vêzes sugestionados pela publicidade comercial. No meio de tudo isto: prendas, festas, viagens, acabamos por gastar as nossas energias e dinheiro. Tudo isso poderá ser bom, possívelmente vai satisfazer o nosso ego e até poderemos aparentar um sentimento de alegria sincera ou ilusória. Mas a verdadeira vivência desta época festiva deve partir do nosso coração. Um coração que seja o apelo à consciência de um balanço de vida, da retoma de objectivos já olvidados, da procura da paz interior e exterior. Se estivermos em paz connosco, ela vai refletir-se nos outros e estará em sintonia com aqueles que a procuram.
Para o meu "cartão" de Boas Festas escolhi esta foto de uma roseira pequenina que tenho à entrada de minha casa. Em pleno mês de Dezembro apresenta estas lindas rosas - que apelido de "rosas de inverno". É com esta imagem por fundo que endereço a todos que me visitam ou que comigo partilham, os votos de um Novo Ano onde a cor destas pétalas marque as vossas vidas; o odor das rosas possa constituir o doce enlevo dos vossos sentidos; o desabrochar dos botões corresponda às virtudes que possais emanar para os outros e finalmente, que o verde das suas folhas seja a esperança de uma vida, durante a qual sejais felizes e o vosso coração se abra aos outros para que eles sejam felizes também. A sugestão é minha, mas o caminho tereis que o escolher. Paz e Bem.

sábado, dezembro 23, 2006

Vamos viver o Natal

Esta foto do marco de correio é uma imagem para recordar.... apesar de ainda existirem alguns pelo país, a verdade é que representaram toda uma época que está a findar. Recordo-me que por esta ocasião do ano escrevia e enviava algumas dezenas de cartões de boas festas, primeiro escrito pelo próprio punho, mais tarde já os cartões traziam um texto e eu apenas assinava, mas agora há outros meios - sobretudo o telemóvel - que os substituiram. Também eles estão em "vias de extinção", caminham a passos largos para serem uma raridade. Começo a ter saudades, não dos cartões, mas do tempo e da forma como se vivia, da troca de votos pela via escrita. Tinha o seu encanto, um aroma muito especial de intimidade individual. Mas como quase tudo tende a evoluir - ou a mudar -, estou nessa, como dizem os mais novos, também envio as boas festas através de SMS. Aqui e agora, deixo-vos apenas o recipiente para que possais recordar um meio de transporte que milhões de pessoas utilizaram para exprimir os desejos de Boas Festas, com mais ou menos "floreados", de forma sincera ou quase obrigatória na época natalícia. Sejamos realistas, o modo pouco interessa, o importante é que os nossos desejos sejam formulados de coração aberto para todos aqueles que nos rodeiam. A Net é uma forma privilegiada para o fazer, pois o seu alcance e difusão são algo excepcional. Vamos aproveitar esta via e endereçar a todos que tenham a felicidade de viver nesta época e neste planeta, o desejo de que tenham um Natal agradável, mas sobretudo que vivam esse espírito de paz e amor que nos aconchega a alma, lutando para que haja Natal todos os dias. Recordemos aqueles que não não têm condições - seja quais forem - e se estiver ao nosso alcance, estendamos uma mão amiga. Pior que a falta de alimentos e outros bens essenciais, será a injustiça que se abate diàriamente sobre milhões de seres humanos que não sabem o que é viver o sonho de um Natal Feliz. Quantas vêzes uma palavra amiga de conforto vai ajudar a atenuar a falta de condições, apesar de não as substituir. Porque este Natal de 2006 é único - nunca aconteceu e jamais retrocedrá -, convido-vos a uma reflexão serena no sentido de perguntar a cada um de nós: o que fiz eu em favor daqueles não têm Natal? Que Aquele que tudo nos dá nos ajude a responder com verdade a esta pergunta e alguém possa receber não uma resposta, mas um carinho nosso que pode ser traduzido naquilo que mais desejarmos fazer pelos que não têm Natal. Um Santo e Feliz Natal para todos.

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Dia Mundial da Sida

Comemora-se hoje o Dia Mundial da Luta contra a Sida. Desde que surgiu - ou passou a ser conhecida como tal - esta doença há 25 anos, não parou de aumentar o número de vítimas por todo o mundo. Governos, instituições, personalidades, doentes e familiares mantêm uma luta cerrada para combater o flagelo. Estima-se que a sida já tenha sido a causa de morte de 25 milhões de pessoas em todo o mundo e que o número de infectados com o HIV se cifre em cerca de 40 milhões. De acordo com o relatório da UN/OMS, a sida é a doença mais mortal da história da Humanidade. É arrepiante esta informação e os números são impressionantes.
África é o continente com mais infectados logo seguida da Ásia. Na África do Sul há mais de 240 mil infectados com menos de 15 anos, o que significa que a doença está atingir cada vez mais os jovens. As perspectivas futuras não são animadoras, a Onu/Sida avança que a epidemia continuou a aumentar no ano de 2006 a nível mundial.
Portugal não é excepção. Entre 52 países europeus, Portugal ocupa o segundo lugar no número de novos casos de infecção. A sida no nosso país deverá atingir cerca de 60 mil infectados, sendo o único país europeu em que a mortalidade por esta doença permanece sem descer. Segundo estudos da Aidsportugal, morrem três pessoas por dia, vítimas desta doença.


Os gastos no tratamento desta doença no nosso país poderão equivaler a um valor de 504.7 milhões de euros/ano para este número de atingidos. São as contas que a Associação GATportugal avança. Portugal é o único país da Europa onde a principal causa de morte para homens entre os 24 e 39 anos é a sida. É um recorde de que não nos podemos orgulhar e que teremos de combater ferozmente. O Governo português tem um "Programa Nacional de Prevenção do VIH/SIDA". De acordo com as palavras do seu actual coordenador, Henrique Barros, "não fomos ainda capazes de diminuir claramente o número de doentes com sida ou que morrem com a doença". É uma constatação de que o problema é complexo e cuja resolução não está à vista. O programa agora lançado pretende: "prevenir a doença, garantir tratamento de qualidade e promover uma resposta social eficaz". Façamos votos para que tenham os meios adequados para tal e um mínimo de êxito que nos permita manter alguma esperança para o futuro.


A organização Mundial de Saúde refere que "existem enormes falhas e desafios a necessitar de resposta". A prevenção é dos aspectos mais importantes. Seja a abstinência sexual, como defendem alguns; a educação sexual que outros consideram primordial com ou sem uso do preservativo. Há factores de alto risco que é necessário corrigir, casos das drogas injectáveis ou relações sexuais não protegidas, mas tudo isto será muito pouco se cada um de nós não reflectir nas consequências desta doença. Há uma responsabilidade colectiva, sobretudo dos Governos, mas a nossa - individual, de cada cidadão - é inalienável. Como diz o povo: não podemos passar a bola. Temos obrigação de estar devidamente informados, ajudar os outros na obtenção dos meios que lhes permitam fazer frente à doença e nunca ser indiferentes àqueles que a têm e podem precisar da nossa colaboração. A solidariedade para com os outros não pode ser palavra vã. Vamos lutar por esta causa, segundo as nossas possibilidades mas, também, de acordo com as nossas obrigações de cidadãos do Mundo.

quarta-feira, novembro 22, 2006

Outono, uma estação de esperança



No outono de muitas cores

Predomina o amarelo da vida

Tal como as folhas caídas

Após forte ventania

Mas a porta está aberta

Em frente à estrada da vida

Segue-a, seja curta ou longa

Terá que ser percorrida

No seu termo encontrarás o inverno

Não pares para lamuriar

Abre o teu coração desalentado

Diz à primavera para entrar




A marca indelével da existência que foi a vida está a escoar-se lenta e suavemente, a ampulheta do tempo é a atroz realidade intransponível. O passado não volta, serve apenas de recordação de bons e maus momentos. Lembrá-los poderá ser uma angústia ou um prazer, dependendo da nossa consciência e da capacidade de análise que possamos interiorizar. Há tempo para arrenpendimento, espaço para remediar e vontade para fazer aquilo que não conseguimos e ainda desejamos. Se o tempo urge, a vontade exige. Vamos em frente sem hesitação, o prémio está à nossa espera.





Após o outono surge o inverno, estação que aconselha mais cuidados a todos e cada um de nós. A interioridade individual é premente. Procuramos o calor humano no coração das pessoas, muitas vezes o exterior - onde o gélido dos sentimentos nos magoa - não conta, mas a sua realidade coexiste no dia a dia. O frio da sociedade e as chuvas do egoísmo não podem impedir-nos de marcar o caminho. Tal como o inverno faz subir o caudal das águas do ribeiro, este segue inaplávelmente o seu curso até ao final, onde poderá diluir-se, sustentado em lugar seguro. Depois da sua passagem nada fica igual, quase tudo se transforma desde as pedras mais polidas até à vegetação que adquire um porte e cores de vida. Ao vislumbrarmos a imagem da ribeira que está acima, poderemos sentir a doce paz da tranquilidade que todos nós ansiamos e que pode permitir-nos ultrapassar todas as estações da vida com um sorriso de felicidade, mesmo no meio das agruras do quotidiano. Aí, sim, teremos direito a uma primavera que entranhará no nosso coração e transbordará como um bálsamo para todos aqueles que connosco percorrem o mesmo caminho. Para que o ditado popular "as palavras, leva-as o vento" não tenham significado para nós, vamos passar do pensamento à prática e olhar em redor, perscrutando os anseios e carências daqueles que sofrem e dar-lhe uma mão - conforme as nossas possibilidades - , mas se tal não for possível, uma palavra de conforto ou um sorriso, também podem ajudar.

sábado, novembro 11, 2006

Viva o verão de S. Martinho


Hoje é dia de S. Martinho, um santo muito festejado pelo povo. Um santo que, segundo os escritos que se conhecem, nasceu possívelmente no ano de 317 da nossa era em solo do então império romano. Consta que era filho de um soldado do exército romano, estudou em Pavia e foi cavaleiro da guarda imperial. Diz-se que por volta do ano 338 um acontecimento mudou a sua vida. Numa noite fria e chuvosa, Martinho viu um mendigo com ar miserável e quase nu, teve pena dele e cortou metade da sua capa de cavaleiro, tendo entregue ao indigente. O seu gesto de solidariedade para com o infeliz serviu de riso aos seus companheiros de armas, dado ele ter ficado apenas com meia capa. Mas segundo a lenda, de imediato a chuva parou e surgiram uns raios de sol entre as núvens. Seria um sinal do céu. Ainda de acordo com os escritos, Martinho teve no dia seguinte uma visão, ouvindo uma voz que lhe disse "cada vez que fizeres o bem ao mais pequeno dos teus irmãos é a mim que fazes". Após este encontro com o pobre (que seria o próprio Jesus) , Martinho pede o baptismo, muda o seu comportamento - deixando de perseguir os cristãos - e exilou-se em França. Aí fundou o mosteiro de Ligugé e depois outros. A vida de virtude que encetou, levou muita gente a seguir a via monástica. As suas pregações, despojamento e simplicidade servem como exemplo e é considerado santo.
S. Martinho dedicou a sua vida à pregação, foi Bispo de Tours e gerou grande controvérsia devido à sua actuação. Mandou destruir templos pagãos, introduziu festas religiosas e defendeu sempre a independência da Igreja face ao poder político. Martinho morreu em Candes no mês de Novembro do ano de 397, tendo o seu féretro chegado a Tours em 11 de Novembro desse ano. O culto a este santo começou logo após a sua morte. A fama da sua santidade espalhou-se rápidamente pelo mundo. Em Tours foi edificada uma basílica que serviu de peregrinação durante séculos. O povo ligou o culto de S. Martinho à terra e aos seus produtos, especialmente o vinho. São conhecidos muitos provérbios relacionados com este dia. Cito apenas três para finalizar:
Este é um dia especial, vamos aproveitá-lo o melhor possível, umas castanhas assadas e um copo de vinho, vinham mesmo a calhar....
Bom fim de semana para todos.

quarta-feira, novembro 01, 2006

Pobreza cresce em Portugal

A expressão do desespero da pobreza em Portugal?


É uma feliz coincidência estar a abordar este tema hoje, dia 1 de Novembro, data em que é comemorado em Portugal o Dia de Todos os Santos. Segundo a tradição, houve santos pobres e ricos, mas todos tiveram um denominador comum: o amor a Deus e ao próximo, ou seja a quem nos criou e àqueles que perto ou longe, connosco vivem neste mundo. Daí, eu entender que, pobres ou ricos, todos teremos que seguir o mesmo caminho dos santos: amor e solidariedade total uns com os outros mas, especialmente, os mais pobres, pois estes têm carências que é obrigação de cada um de nós ajudar a colmatar. Isso não é caridade, mas sim solidariedade. Há aqueles que nascem ricos e os outros que, por meios lícitos ou ilícitos, possuem quase tudo. Por outro lado há os que nascem pobres, vivem e morrem como tal, porque governos e sociedade permitem que isso aconteça. Aqui, nós temos obrigações a cumprir, o que muitas vezes nos esquecemos ou simplesmente, procuramos ignorar.
Mas é a pobreza em Portugal que eu quero reflectir convosco, apesar de a mesma se estender a todos os continentes. O nosso País é pequeno em superfície e população, mas assiste dia a dia a um agravamento das desigualdades no que respeita à repartição da riqueza. Dados de 2004 e 2005 já revelavam que Portugal é aquele cuja população mais vive sob a ameaça da pobreza no continente europeu. UM EM CADA CINCO PORTUGUESES VIVE ABAIXO DO LIMIAR DA POBREZA. São dados da União Europeia (EU). A Rede Europeia Anti-Pobreza em Portugal (REAPN) já em 2005 alertava e pedia que o combate à pobreza e à exclusão social fosse uma realidade. A existência de 2 milhões de pessoas que vivem em situação de pobreza em Portugal, traduz uma injustiça e constitui uma ofensa à dignidade pessoal e um desrespeito pelos direitos humanos, que só nos pode incitar ao inconformismo (….) a que pretendemos dar voz, procurando que o mesmo se transforme numa energia colectiva positiva”. O Instituto Nacional de Estatística (INE) revela em estudo recente que os 10% mais ricos auferem mais rendimento do que 50% da população portuguesa. Para uma definição mais linear, devemos acrescentar que os 10% mais ricos têm um rendimento quinze vezes superior aos 10% mais pobres.





Elucidativo, não é verdade? Perante esta triste realidade, o que faz o poder, especialmente o Governo? O ministro do Trabalho e da Solidariedade, Vieira da Silva, em declarações no Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza celebrado em 17 de Outubro último, reconheceu que Portugal ainda tem um longo caminho a percorrer para conseguir (?) este objectivo. “A pobreza e a exclusão social são dois problemas que têm de estar sempre no topo das preocupações de quem tem responsabilidade quer ao nível político, quer social”. Em meu modesto entender, considero uma frase do politicamente correcto, e que deve ser encarada apenas como tal. Aludiu ainda ao Plano Nacional para a Inclusão (PNAI) um instrumento governamental criado em 2000, declarando que na fase de 2006/2008 incidirá no combate à pobreza dos mais frágeis, na diminuição das desvantagens que a população tem nos domínios da educação e formação, no combate à exclusão e risco de pobreza a que estão sujeitas as pessoas com deficiência. Apesar disso, foi dizendo que “erradicar completamente as taxas de pobreza (em Portugal) até 2010 será muito difícil”. Estamos em crer que com o tipo de política governamental que está em prática, não será difícil, mas sim impossível, mesmo com muito boa vontade. A filosofia do Governo é apoiar a área económica - pública e privada – no sentido da criação de riqueza, deduzindo que dessa forma poderá surgir um maior equilíbrio em favor dos mais penalizados. Mas a realidade que vemos, indica que ao dar mais poder àqueles que já o detêm ou outros que o vierem a ter, apenas acentua a desigualdade, quando não é acompanhada por medidas concretas de restrição aos lucros desmesurados dos seus promotores. Há necessidade de encontrar meios para obstar a que isso aconteça. O problema da pobreza é deveras complexo e o Governo aí terá que projectar a iniciativa de regular pelos meios que tem ao seu alcance, não permitindo o alargamento das causas que impedem uma aproximação dos mais necessitados (aqui não falamos apenas do aspecto alimentar, que é muito importante, mas também de todos os outros factores geradores de proventos para a população). O ministro Vieira da Silva tocou num ponto muito importante ao dizer que é necessário: criar condições de acesso ao trabalho. Este é um dos factores que poderá influenciar um bom caminho, para além de outros de cariz social que é necessário implementar ou complementar. Haja coragem para o fazer. O desejo do Governo em criar parcerias entre diversas entidades – nomeadamente, autarquias, entidades públicas e privadas sem fins lucrativos – é outra meta que poderá ser muito positiva. Aqui teremos que destacar as entidades não governamentais que lutam no apoio à pobreza. É a estas que os portugueses devem agradecer boa parte do apoio recebido, pena que seja insuficiente. Há organizações não governamentais (ONG), entidades privadas religiosas e civis que travam uma luta cerrada em favor dos mais desfavorecidos. A pobreza, em Portugal, é um problema social grave. Governo e cidadãos têm que o reconhecer, porque os atingidos sentem-no na pele.
Creio que o tema exposto merece uma análise cuidada de todos nós. Ao abordá-lo é com o objectivo de contribuir para um profundo exame de consciência da sociedade e apelar quer às entidades públicas e privadas, quer a todos os cidadãos, para colaborar nesta luta – cada qual ao seu nível – no sentido de respeitar e apoiar o direito dos mais desfavorecidos a ter uma vida digna, como qualquer ser humano. Como o vamos fazer?


terça-feira, outubro 17, 2006

Poesia no partir?

Um dia ao acordar
Reparei que não acordei
Como devia...
Não vi o sol a brilhar
Num imenso breu mergulhei
Não via...
Foram tempos de agonia
Foram tempos de incertezas
(...)
Mas houve um outro dia
Que acordei...
...e finalmente já via

A esperança é uma réstea de luz, que não podes nem deves largar de mão.
Um beijo e um eco de mim




Não resisti a partilhar convosco um poema que uma amiga virtual me endereçou nos primeiros dias de Setembro passado. Os amigos da Net tem para mim um lugar especial que, embora não atingindo o grau de uma amizade plena, ao partilharem connosco o que escrevem e absorverem aquilo que transmitimos, passam a fazer parte do nosso espaço. É um tipo de amizade diferente, mas continua a ser amizade. É num momento de abandono que mais sentimos essa falta. Como gosto de me expressar mais por imagens que por palavras, aqui deixo uma flor que, em gíria popular, chamam a "flor da sorte". É a minha oferta para ti, Medusa, que ela te acompanhe e que o "até sempre" que nos deixás-te corresponda a um regresso mas, se tal não acontecer, sorri à vida, para que ela te possa sorrir.


domingo, outubro 08, 2006

Viver, sorrindo!


Chorar é o princípio e fim da nossa existência. No intervalo, que é uma vida inteira, temos a possibilidade de fazer algo mais: sorrir. Na verdade, há momentos na vida em que não podemos evitar a tristeza e as lágrimas, poderão ser momentos fugazes ou longos, mas tal como a primavera sucede ao verão, também as alegrias e sorrisos poderão despontar pelo tempo fora.
As cianças nascem a chorar, mas começam a sorrir cedo. À medida que crescem já sabem o que querem, choram quando algo as magoa,entristece ou não conseguem o que desejam, mas sempre que sorriem fazem-no de uma forma ternurenta e que faz "derreter" qualquer coração, por muito duro que seja.
Na juventude é mais fácil encarar o dia a dia com um sorriso, mesmo quando as dificuldades nos rodeiam, pois há sempre algo que compensa essas carências. Os jovens são propensos a encarar a vida com um sorriso e uma alegria espontânea, própria de quem olha para o futuro com esperança. Com o avançar da idade, as pessoas mudam para melhor ou pior e a partir daí começam a surgir no horizonte algumas nuvens de incomodidade para aqueles que têm mais privações de qualquer ordem. Para quem atinge os seus objectivos, o sorrir pode ser um meio para um fim agradável mas, para aqueles que não os alcançam, a postura de um sorriso pode atenuar a tristeza de não o haverem conseguido.

Mas sorrir sabe tão bem, predispõe instantaneamente o ser humano para um estado de espírito aberto, livre, generoso e mais compreensivo das pessoas e coisas que o rodeiam. O sorriso não tem idade, é sempre jovem, embora diferente. Recordo uma frase de alguém - que já não está entre nós - e que dizia: "sorri à vida para que ela te sorria". Afinal esta frase diz quase tudo, apenas fica ao critério de cada um a sua interpretação e consequente vivência ou não. O sorriso é contagioso e como tal é uma necessidade fisiológica de que não devemos prescindir. O sorriso atenua o mau humor e espalha uma sensação saudável de boa disposição a que todos devemos aderir. O sorriso abre-nos as portas boas da vida, nunca deixe de sorrir, mesmo que não esteja com disposição para tal, pois o esforço será compensado. Se ainda não ficou convencido(a) do valor de um sorriso, então observe as imagens de topo e fundo, podendo tirar as suas próprias conclusões.





HÁ MOMENTOS DE DOR....










QUE PODEM SER ULTRAPASSADOS
COM UM SORRISO
.










O meu contributo é uma singela rosa que coloco no meio deste texto, uma simples flor que ofereço com amizade e um pedido: por favor, sorria, sempre.

sábado, setembro 30, 2006

Animais nossos amigos



Se os santos gostam dos animais, porque é que nós não havemos de lhes querer bem também? Por princípio, respeito e estimo os animais. Em casa, os meus filhos tiveram sempre uma inclinação especial para os gatos e cães. Ao longo de muitos anos acolhi quer uns, quer outros. Tenho episódios passados que, só de me lembrar, sorrio com alguma nostalgia. Apenas duas passagens. Um dia tive que subir a uma árvore de um vizinho, um pinheiro de jardim - já alto, entroncado e de espessa ramagem - pois o gato tinha subido ao pinheiro e miava de aflição por não conseguir descer. Peguei num saco, engatinhei pela árvore e trouxe o amigo para baixo, mas os custos foram elevados: apesar do cuidado, fiquei todo arranhado da escaruma e pequenos ramos secos que picavam como agulhas. De outra vez, andei horas à procura de um felino que desapareceu. Pensando eu que ele tinha perdido o "tino" à casa, percorri quilómetros, mas não o encontrei. À noite fui ao terraço das traseiras e chamei por ele. Com espanto ouvi miar ao longe, repeti o chamamento e ele voltou a miar mais ainda, logo percebi que era o bichano que havia desaparecido. Estava num quintal inculto a cerca de 300 metros de casa, por detrás de imóveis com muros em volta e portanto não conseguia sair. Apesar de ser já bastante tarde, encetei a procura e com a ajuda preciosa de moradores daqueles prédios acabei por resgatar o gatinho e trazê-lo para casa. Mas foram muitas as boas e más recordações com que fiquei dos gatos que acolhi. Esta foto foi tirada há mais de um ano, um gatinho que a minha filha trouxe para casa e ao qual deu o nome de "bitchoia". Como era eu que normalmente tratava deles - como aconteceu com muitos outros -, ele gostava muito de estar perto de mim. Passava horas na carpete do escritório onde eu trabalhava, naquela posição, patinhas encolhidas, ronronando uma vez por outra, só saindo quando eu me levantava para fazer alguma coisa fora da sala. Passado uma semana de eu haver tirado esta foto, o "bitchoia" desapareceu, nunca mais volveu a casa. Teria ido às gatas e alguma o seduziu?

sábado, setembro 23, 2006

Beleza no entardecer


O entardecer do dia também enuncia beleza. Para aqueles que querem viver a vida em pleno, o final de algo nunca é fortuito, mas é encarado como um ciclo normal. Afinal só acaba aquilo que começou - ou se iniciou. Nessa etapa da vida, torna-se necessário fazer o balanço que poderá ser positivo ou negativo, de acordo com os nossos critérios. Quando iniciamos a caminhada, possìvelmente pensamos - ou traçamos - objectivos, quando fazemos o percurso final, também os devemos ter em conta. Não olvidando o tempo passado e aproveitando a experiência adquirida, só temos que assentar os pés na terra e dizer: ainda quero fazer. Cada um de nós sabe o que deseja e só tem que delinear o caminho, independentemente do tempo que tiver de vida. Será bom ter sempre presente que no fim do dia vem a escuridão, mas no dealbar de outro dia, surge a luz que, com todo o seu resplendor nos poderá ajudar a caminhar com esperança e porque não, com alegria. Eis uma sugestão que vos deixo ficar, lembrando que depois do negrume desponta a luz que poderá irradiar e transformar a nossa vida. Um bom fim de semana para todos.

quinta-feira, setembro 21, 2006

segunda-feira, setembro 18, 2006

Casamento gay no exército espanhol


Os noivos: Alberto Marchena e Alberto Fernández




Alcaide de Sevilla, noivos e madrinhas
Fotos de Kako Rangek

CASAMENTO GAY EM ESPANHA – A notícia

Com muita pompa, circunstância e sobretudo curiosidade, teve lugar na cidade de Sevilha-Espanha em 15 de Setembro passado a “boda” (casamento) de dois jovens espanhóis, Alberto Marchena de 27 anos e Alberto Fernández de 24 anos, com a particularidade de serem ambos militares do exército espanhol (aviação).
Após a alteração à legislação da vizinha Espanha que passou a permitir o casamento entre homossexuais, este foi o primeiro celebrado naquela cidade pelo alcaide Alfredo Sánchez Monteseirín.
O evento que, segundo as notícias, decorreu com normalidade, atraiu muitos curiosos e a imprensa, rádio e televisão. À entrada para o Ayuntamento de Sevilla, os noivos foram recebidos por um coro que cantou uma sevilhana. Curioso o estribilho da sevilhana: “Quanto te quero, este amor não tem cura, eu por teus beijos me perco neste mar de loucura”.
O povo da Andaluzia é exuberante e certamente que caprichou, viva a alegria e o mar de loucura.
Se desejar ver a notícia em pormenor – sugiro também a leitura dos muitos comentários, dado a diversidade de opiniões – consulte http://www.20minutos.es/





Pintura famosa de Adão e Eva no Paraíso



Comentário: os leitores habituais deste espaço possivelmente vão ficar surpreendidos com este texto, é natural pois quando existem tantos problemas em nosso redor no dia a dia, para quê falar de um casamento entre homossexuais e ainda para mais em Espanha?
De facto, pelo melindre do assunto não é fácil explicar, mas como é uma questão de princípio e valores, vou abordar o assunto, embora deva acrescentar que é a minha opinião pessoal que expresso e portanto espero a vossa tolerância.
Comecei por colocar a foto de uma pintura famosa que representa Adão e Eva, isso já permite deduzir algo do meu pensamento. Se verificarem, quando iniciei a notícia utilizei a palavra em espanhol “boda” que em português tem o significado de casamento – lá também – e porquê? SEM ser preconceituoso, discordo que a união entre dois homens (ou mulheres) seja considerado casamento. A história de milhares de anos está a ser alterada – será evolução ou regressão? - e os conceitos de vivência também. Está a sobrepor-se o individualismo sobre o colectivo, quando nós vivemos numa sociedade cada vez mais globalizada e globalizante. No sentido prático, qual a contribuição destas uniões para as gerações futuras? Não querem a continuidade, vão fazer adopções de filhos ou será apenas para satisfazer um direito que agora lhes é reconhecido (bem ou mal) ?
Cientìficamente não está provado que a homossexualidade seja adquirida através dos genes e portanto será uma questão de comportamento, em meu entender aberrante e contra natura.
Na cerimónia realizada, o Alcaide de Sevilha incentivou os dois jovens a “criarem uma família comprometida com a sociedade com igualdade e diversidade”. Penso que o conceito família – neste caso – está deturpado ou pelo menos é pouco claro. Não imagino o futuro do mundo com este tipo de famílias, creio que apenas servirão as ditas minorias, sejam homens ou mulheres. Que tipo de amor poderá unir estas famílias? Responda quem souber. A minha discordância nada tem a ver com motivos religiosos, mas sim por apelidarem este tipo de ligação como sendo casamento, podem dar-lhe outra designação, mas essa não é correcta tendo em conta os parâmetros naturais e históricos. Num casamento entre homem e mulher existe amor, atracção, um relacionamento de prazer, mas com objectivos que vão para além do próprio casal. Numa união homossexual também poderão estar presentes esses sentimentos, mas quanto a objectivos de procriação…… acho que estamos falados.
O ser humano tem liberdade de pensar e agir – no caso de Espanha até tem lei que permite estes enlaces -, só dessa forma eu admito as uniões deste género. Respeito a sua liberdade, mas não pactuo pelo que atrás explícito. Não me considero antiquado nem tão pouco “prá frentex”, é uma questão de princípios e bom senso. Afinal a vida é para ser vivida da melhor forma possível, mas tudo que é contra a natureza das coisas é nefasto ao ser humano. Que fique bem claro que não tenho nada contra os homens e mulheres que escolhem essa via de comportamento, apenas discordo, fazendo uso da liberdade que assiste a qualquer um, aos que seguem esse caminho e àqueles que como eu, não seguiram nem seguirão. É tão simples e claro como água cristalina que brota da montanha.


O povo diz que o casamento - normal ou tradicional - é uma carta fechada, será que em relação à união de homossexuais poderemos dizer que é um livro aberto à liberdade individual, ou pelo contrário poderá ser um livro que fechará um ciclo da história da humanidade? O desafio está feito, espero que haja leitores com coragem para debater o assunto, terei todo o prazer em os receber. Estou convicto de que haverá algo de positivo nestas uniões, portanto vamos tentar encontrar o lado bom e contrinuir para o aprofundamento da questão, valeu?

terça-feira, setembro 12, 2006

O Jardim do vizinho












Este post é uma homenagem à natureza e àquilo que é uma das suas mais belas oferendas para todos nós. Sempre gostei de flores, pois vejo através da imensidão das suas cores a pureza que nos permite imaginar o belo, para além do agradável odor que nos proporcionam. Se fosse pintor, o meu tema preferido seriam as flores, mas como gosto de fotografia é através de imagens que me exprimo. Tenho o prazer de ter a amizade de um vizinho que também gosta de flores. Estas fotos são dos seus canteiros, mesmo em frente à vivenda. Embora reformado, continua sempre activo, após ter deixado algumas dezenas de anos como gestor hoteleiro. Para além de outras actividades, tem uma paixão que lhe ocupa algumas horas durante o dia: as suas flores. Ele confessou-me que não "percebia" nada do seu cultivo, mas embrenhou-se no seu estudo, foi fazendo e hoje vemos o carinho com que trata das plantas. A prova disso está nas imagens que captei, as fotos são de minha autoria, mas o artista é ele. Parabéns. Certamente que o meu amigo terá tanto prazer como eu em vos proporcionar a possibilidade de disfrutar da beleza de flores simples, mas que "dizem" muito a quem - através delas - vê o carinho e amor pelas coisas boas da vida.

segunda-feira, setembro 04, 2006

Pensamento de Vida


Dado que se trata de um pensamento, seria suposto nada mais acrescentar. Apesar disso, eu queria transmitir-vos um axioma que aprendi e que poderá ajudar positivamente a compreender melhor a meta, independentemente de concordarmos ou não. Ver, julgar e agir é algo que deve estar sempre presente na nossa acção. Uma boa avaliação exige uma tomada de posição firme e precisa, afinal é da nossa Vida que falamos, não é verdade?

domingo, agosto 27, 2006

A vida é uma flor bela, não a deixes murchar




As flores representam o que de mais belo temos na vida. Sem flores o Mundo seria um antro de tristeza e desgosto. A sua beleza eleva-nos aos cumes da esperança, do desejo da paz e bem estar. O gesto de oferecer uma rosa é algo de sublime quando, com ela, queremos mostrar a nossa gratidão pela vida.
Que o coração de cada um de vós aceite esta rosa que eu com alegria vos deixo, é uma rosa do meu jardim, é algo que ofereço com amor a todos que visitais este cantinho.

terça-feira, agosto 22, 2006

É o vinho senhor, é o vinho...

Pintura de José Malhoa - Museu de Caldas da Rainha

Este tema é candente e nada melhor que a arte de José Malhoa - os bêbados - para complementar um texto já de si com um grau (não alcoólico) de dificuldade elevado, tendo em conta a sua antiguidade, assim como uma actualidade incontestável. Não vamos fazer a apologia do vinho, bom ou mau, nem das suas qualidades e defeitos. Vamos contar uma história ocorrida em Lisboa (como poderia ter acontecido em qualquer outra cidade ou lugar) na década de 60. Quem conheceu Lisboa naquela época ainda teve oportunidade de ver pequenas casas a que chamavam tavernas - estavam espalhadas por toda a cidade - e que na generalidade vendiam apenas vinho, embora algumas já tivessem tabaco e alguns alimentos, sobretudo productos hortícolas. Recordo-me de que o vinho era vendido a copo e tirado da pipa no momento.Estas casas tinham um horário bastante alargado e eram frequentadas por pessoas de todas as categorias sociais, embora fossem os indivíduos de menores recursos que mais recorriam a estes espaços. Não fui frequentador daquele tipo de casas, pois nessa ocasião já começavam a surgir por toda a cidade os cafés e era para lá que os mais novos se encaminhavam. Era o local de convívio e estudo (sim, de estudo, quantos jovens iam para a mesa do café, tomavam algo e passavam lá horas a estudar, eu também o fiz. Eram outros tempos). Ao lado do prédio onde eu morei havia uma taverna e nessa altura tive oportunidade de conhecer muita gente que a frequentava, até porque uma boa parte eram vizinhos ou moravam não muito distante.
O Vinho era vendido a copo, directamente do barril

Um senhor já de meia idade e pintor de profissão, era um dos fregueses habituais daquela taverna. Ao fim da tarde e até anoitecer, eram inúmeras as vezes que o via a beber uns copitos e fazendo farra com os companheiros. Com o seu fato-macaco azul, alto e magro, fácilmente se distinguia - até pelo tom de voz. Quando eu passava sabia se ele estava ou não. Uns copitos a mais que a conta e ei-lo a falar bem alto, rindo-se por tudo e por nada. Homem muito trabalhador, com mulher e quatro filhos - só varões - não perdia a visita diária àquela taverna. Não se constava que em sua casa faltásse o que quer que fosse, mas a verdade é que a esposa não gostava daquele modo de vida, censurando-o com frequência. Apesar disso, o tempo foi passando, os quatro filhos cresceram, fizeram os estudos primários, mas um deles tinha um sonho: ser médico, doutor, como ele dizia. Contudo, os pais não tinham posses para tal. Começou a trabalhar cedo num escritório - como paquete - e à noite frequentava uma escola. Passado algum tempo deixei de os ver, mudaram-se de casa. O tempo vai passando inexorávelmente e eu nunca mais voltei a ver qualquer membro daquela família. Passados mais de quinze anos, encontrei casualmente - num café que outrora frequentara - o dito jovem que sonhava ser médico. Olhei na sua direcção, mas hesitei em dirigir-me a ele, na verdade não me parecia o mesmo, estava diferente, mas os traços fisionómicos eram os mesmos. Apesar de tudo isso, avancei e perguntei-lhe se era o Fernando que morara na minha rua, ele respondeu-me afirmativamente, reconhecendo-me também. Estivemos muito tempo à conversa, recordando esses tempos. O pai falecera com uma doença no fígado, os irmãos e a mãe eram vivos. Mas a minha curiosidade era saber o que ele tinha feito, se conseguira ou não concretizar o sonho. Para meu espanto, ele disse-me: estou a exercer medicina no hospital X. Comecei a fazer inúmeras perguntas, recordo-me que ele me confessou que o desejo de ser "doutor" o levou a suportar todos os sacrifícios: trabalhar de dia e estudar à noite até uma certa altura e depois mudar de emprego e continuar a estudar por cadeiras (disciplinas) acabando a formatura, tal como ansiara. Disse-me que o dia do "doutoramento" havia sido o melhor da sua vida até então. A alegria da mãe e dos irmãos fora uma enorme satisfação para ele. O pai já não teve oportunidade de ver, mas foi a ele que o jovem médico dedicou todo o seu trabalho. Um dia, o pai perguntara-lhe se ele queria ir trabalhar para a pintura com ele e a resposta foi sêca e directa: não pai, eu quero ser médico, quero ser alguém na vida. Também eu fiquei feliz por ele, conseguiu realizar o seu sonho. Ao saber a causa da morte do pai, perguntei-lhe de uma forma algo "desconchavada": então e tu também gostas da pinguita? (não sei como consegui o atrevimento para isso, mas de facto perguntei) Ele olhou-me muito sério e disse: não da forma como estás a pensar, não herdei isso de meu pai - nem nenhum dos meus irmãos -, bebo também às refeições ou mesmo fora delas em convívio, mas faço-o moderada e sensatamente. Mudei de imediato de assunto, mais tarde tive ocasião de voltar a conversar com ele e sinceramente, ainda hoje, vejo naquele jovem um exemplo para tantos que não o são.

A história que descrevo acima é real, talvêz eu tenha sentido alguma dificuldade em transmiti-la fielmente, mas quis fazê-lo para expressar o que penso àcerca do vinho - e até de outras bebidas. Quase tudo é bom, desde que consumido com moderação. O vinho é uma dádiva de Deus - não foi por acaso que frades de várias ordens foram dos primeiros a produzir dos melhores vinhos e até cervejas -, os médicos são de opinião de que beber vinho moderadamente faz bem à saúde. Fernando Pessoa dizia: boa é a vida, mas melhor é o vinho. Segundo a sua perspectiva, até tinha razão. Na sociedade portuguesa beber é snob, é moda, qualquer bebida serve para "marcar" a diferença, sobretudo entre a juventude. Quando se pensa assim, estamos a um passo do abismo que cava a diferença no ser humano. Perdem-se grandes homens e mulheres só porque não souberam distinguir (ou não conseguiram) entre o beber com prazer e moderação e o beber para se exibirem. Quem for inteligente e sensato saberá encontrar a melhor via, embora qualquer ser humano tenha a liberdade de se promover ou autodestruir, a escolha fica ao critério de cada um.

sexta-feira, agosto 11, 2006

Amor














Vamos falar de amor. Mas o que que poderemos dizer que não haja sido dito ou escrito? Tantos escritores se pronunciaram sobre o amor e desamor, ouvimos diáriamente falar nele mas, quantas vezes, para dizerem e até provarem que ele não existe ou simplesmente, que é escasso. Que ele existe, não há dúvida. A grande incógnita é a nossa (de cada um) "medida" ou conceito do que é o amor.
As palavras que escrevi no pergaminho - é habitual serem pensamentos positivos ou lapidares e não interrogações -, nada definem, apenas têm a finalidade de nos fazerem pensar na interrogativa, mas o amor não será isso mesmo? Pensei em colocar a primeira frase na afirmativa - por me parecer correcta e abrangente, pois quem tem amor, tudo supera - mas li e reli e concluí ser mais oportuno pô-la também na interrogativa. Já a segunda frase deixou-me sérias dúvidas se a interpetrásse na afirmativa, mas caso seguisse a linha de pensamento de afirmativa na primeira, também poderia encará-la pela positiva, porque não? Finalmente a terceira frase que é uma realidade palpável e que põe em dúvida a segunda numa possível afirmação - quem sofre, não ama - é completada com a pergunta: é possível nos nossos tempos? Também esta complementariedade poderia ser na afirmativa. Será que isto não é uma enorme confusão? Dúvidas, mais dúvidas, mas afinal em que ficamos? Não tenho grandes alternativas, eu também as tenho. O próprio dicionário de português diz: amor (substantivo masculino) dando como significado: afeição, paixão, afecto, inclinação. Substantivo masculino e porque não haveria de ser feminino? A proveniência da palavra é latina - amòre -, talvêz nos ajude a compreender o porquê de ser masculino, ou não.
Eu gostaria de vos ajudar e dizer que o amor é a coisa mais maravilhosa que o ser humano tem, mas quantos o reconhecem e pôem em prática? Penso que terá de começar por cada um de nós, devagar, de mansinho, como quem não quer a coisa (a frase não é minha, penso que a ouvi) e começar por gostar um pouco mais de nós - sem egocentrismos -, irradiando o amor que em nós existe. Quantas vezes não tivemos ao nosso lado um amigo que precisou de uma palavra de conforto e não a demos; um filho que precisou de auxílio e não o concedemos; uma palavra carinhosa para a esposa(o) e esquecemos de o fazer? E tantas outras coisas que deixamos de fazer, só porque não estávamos atentos. O que passou já não podemos corrigir, mas hoje é um novo dia, se houver amanhã, será outro e por aí adiante, portanto vamos em frente esbanjando (sim, esbanjando) o amor que temos dentro de nós, só assim poderemos aspirar à felicidade e contribuir para o bem dos outros.
Com afecto e o desejo sincero de que sejam felizes.

quinta-feira, agosto 03, 2006

Que esperas para além da vida?


Esta é janela da vida

Não tem caixilhos

Não tem vidros

Não tem fechos




Um dia a janela fechará

Ficará o esqueleto

Rude como a pedra

Que se desfará em pó




Depois de passares a janela

Que pensas levar contigo?

Riquezas, amor, poder ?

Que pensas encontrar?



Tu não sabes, eu também não

Só nos resta um caminho

Praticar em vida o bem

Amar todo o irmão


JES

terça-feira, agosto 01, 2006

Poesia de Florbela Espanca



AMAR

Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui...além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente
Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma Primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi para cantar!

E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar...



Este poema de Florbela Espanca que viveu na procura da felicidade mas limitada pelas suas frustações e anseios, revela um sensualismo próprio, quase erótico. Nesse contexto, a palavra amar tem um significado profundo e muito sui géneris.
É uma homenagem que presto à poetisa que tão cedo abandonou aqueles a quem amava e simultâneamente aos que cultivam o sentimento do belo, especialmente às minhas leitoras com um beijinho - mesmo virtual - de gratidão.