sábado, fevereiro 16, 2008

Somos pó



"Lembra-te que és pó. E ao pó retornarás". A frase é do livro de Eclesiastes e tem a finalidade de lembrar ao homem a sua condição perecível e transitória neste Mundo. A Igreja católica recorda-a em quarta-feira de Cinzas apelando aos crentes no sentido da penitência. Para católicos ou não, esta é uma realidade intransponível, independentemente da sua vontade. A matéria humana de que somos feitos tem o seu princípio e fim. No entanto, enquanto vida, é solidificada pela alma que, essa sim, permanecerá para sempre. Porém, será lícito que me respondam: isso é uma questão de fé, também é verdade, mas sem fé nada conseguimos e através dela mantemos a esperança na luta por uma vida melhor, acreditando que existe algo mais para além de um corpo que se tornará em pó. Abençoados aqueles que acreditarem, disse o Senhor. Estas palavras vêm no contexto da Vida que o Criador nos concedeu. Nada - no sentido material e da compreensão humana - nos prova que haja vida para além da morte, por isso a fé é um dom de Deus e como tal devemos cultivá-la. A Igreja católica, pela voz da bispo do Porto, D. Manuel Clemente, advoga que para esta quadra quaresmal (o tempo de preparação para a ressurreição do Senhor) as ofertas dos fieis sejam canalizadas para "tudo quanto defenda e promova a vida, da concepção à morte natural". Instituições de solidariedade social que promovam a assistência à terceira idade, apoio aos toxicodependentes ou combatam a prostituição, poderão ser contemplados pela sua acção. É uma forma digna e eficaz de apoiar a Vida. Todos nós, católicos ou não católicos, temos em consciência a obrigação de apoiar a Vida que é um valor supremo - mesmo que a sociedade não o faça e os poderes constituídos não assumam o seu dever em promovê-la, apoiá-la e defendê-la. Cristo morreu para nos dar a Vida, não desistamos dela e teremos a devida compensação. Paz e bem para todos.