terça-feira, junho 30, 2009

Alegria de voar




André, desde tenra idade, que foi um menino traquina. Mas tinha uma qualidade que o distinguia dos companheiros de brincadeira, adorava ver os aviões e no seu íntimo sempre teve um sonho: voar.
Começou por arranjar aviões de papel e passava o tempo a entusiasmar os colegas de brincadeira no jardim a fazer competições, o objectivo era para ver quem o conseguia atirar mais longe.
Mais tarde, começou a fazer papagaios de papel, de cores garridas e longas caudas, era vê-lo a levantar o papagaio, a correr, correr cada vez mais, para que ele voasse o mais alto possível.
Naquela tarde, passara horas seguidas até conseguir ver o seu papagaio bem alto, quase a perder de vista, para alegria dos seus companheiros, e com um gozo sem fim, ele gritava: consegui, olha como o meu papagaio voou mais alto que todos, não é uma maravilha, perguntou. Os colegas de brincadeira acenavam que sim e todos queriam pegar no papagaio e correr um pouco.
Chegou a noite e o nosso André foi para casa e disse à mãe: mamã, hoje fiz um papagaio que voou até às nuvens, devias ter visto! Foi tão lindo.
Depois de jantar, vestiu o pijaminha, escovou os dentes e foi deitar-se. Nessa noite, sonhou tanto que no dia seguinte não foi capaz de descrever à mãe tudo o que havia passado, mas ainda conseguiu lembrar-se de algumas coisas.
Houve uma que não esqueceu e contou à mãe. Sabes, mamã, eu sonhei que tinha um guarda-chuva e que com ele voava como o Peter Pam, fui para muito longe, uma terra linda, com muitos lagos e patos, muitas flores e borboletas de todas as cores, era tão belo mamã, como eu gostava de lá estar.
Quem diria que um guarda-chuva faria uma criança tão feliz, pensou a mãe, sorrindo e afagando com carinho a cabecita do André.

Este texto que produzi, meio conto e ficção, faz parte da blogagem colectiva do "Desafio Lúdico III", proposta do "Anseios da Alma".

terça-feira, junho 09, 2009

A minha aldeia



O desafio foi lançado pela Susana, do "Aldeia da minha vida"e estou a corresponder. Para isso tive que ir ao meu baú de recordações, o mesmo é dizer, ao meu álbum de fotos. Aqui temos uma fotografia de Setembro de 1962 tirada no dia da festa da Padroeira N.S. da Lapa que se comemora a 8 de Setembro. Trata-se de uma capela que existe na freguesia de Lagares, concelho de Penafiel e a cerca de 30 km do Porto. A foto é original, fui eu que a "bati". Após esta data, poucas vezes voltei à "minha" aldeia de nascimento, pois a vida de mais de cinquenta anos (como o tempo passa...) foi por outras paragens. Contudo, confesso que muitas vezes me assaltou a saudade desses tempos maravilhosos da minha infância, apesar de terem sido difíceis. Recordo-me ainda de vários pormenores desses tempos, como o ir até à ribeira e procurar o peixe - e apanhá-lo à mão - em límpidas águas - (não havia a poluição de hoje), subir às árvores para apanhar fruta (nem que fosse dos lavradores próximos), de correr descalço pelos caminhos (sapatos não eram precisos...) e tantas outras coisas como as brincadeiras (lembram-se do jogo da macaca?), as corridas, as bulhas com os colegas. Tempos nunca esquecidos, mas que jamais voltam. Recordo a minha aldeia com alguma saudade, sobretudo porque foi um tempo que vivi despreocupadamente. Hoje, faço parte de uma aldeia global, mas as recordações da aldeia da minha infância perduram.

Postagem integrada na Blogagem Colectiva de "Aldeia da minha vida"