quarta-feira, outubro 29, 2008

Menina à janela


Menina que estás à janela..., assim começa uma canção bastante popular que enfatiza a forma como os jovens namoravam no século passado. Os rapazes não tinham liberdade para sair com as suas "amadas", namoravam apenas aos Domingos e normalmente de fora das casas. Ainda tive oportunidade de constatar isso na década de 60, elas à janela e eles cá em baixo na rua de pescoço esticado e olhar fixo na janela, e era assim que namoravam. Mais tarde já os jovens podiam ir a casa das moças, mas era preciso a autorização dos pais e quando tal acontecia, havia sempre uma mãe extremosa que ficava por perto a ouvir a conversa e vigiar os "pombinhos", não fosse haver algum avanço do moço atrevido. Quando o tempo de namoro já era razoável, então os jovens podiam sair, mas havia sempre alguém que os acompanhava, um irmão, uma prima, um amigo ou amiga - o nome próprio para esses acompanhantes era "pau de cabeleira", não me perguntem o significado, porque sinceramente não sei -pois os pais queriam que as suas filhas não se "transviassem". Lentamente a sociedade foi evoluindo e esses hábitos caíram em desuso, mas a verdade é que é salutar lembrar esses tempos e porque não fazer a comparação com a forma como hoje se processa o namoro? De facto a similaridade quase não existe, actualmente nem é preciso namorar para casar, mas perdeu-se o romantismo e encanto que tal representava. Casava-se pela igreja, era uma festa familiar e social, havia uma "lua de mel" para o jovem casal que mal se via livre das obrigações encetava a fuga. Mas muitos tinham à espera as "partidas" dos amigos: latas penduradas em pontos estratégicos do carro que quando se punham em marcha assinalavam ruidosamente a arrancada e constituíam gozo para os autores da partida. Quantas vezes os carros eram pintados com as mais diversas inscrições, mas tudo isso era aceite pelos noivos como complemento normal do enlace. Se o casamento era em dia de chuva, alguém sentenciava: casamento molhado é casamento abençoado, vão ser felizes. Usos, factos e coisas que passaram à história, mas que sabe bem recordar nos tempos que correm.
Nota: Para os mais saudosos deixo a música de Vitorino que poderão encontrar no fundo do blog.

segunda-feira, outubro 20, 2008

Natureza sublime

Haverá algo mais belo que vislumbrar a água descendo suavemente pelas encostas do rio, como um múrmurio de amor de alguém que amamos? Fitar a fauna verdejante de olhos húmidos de um verde de esperança? Sentir o calor do sol que abrasa quem abraça? Ouvir o chilrear das aves que agradecem o dom da vida? Oh, como a natureza é bela e nós ingratos, não somos capazes de o reconhecer. Em vez de a amar, maltratámo-la e espezinhamos o doce aroma que inunda os nossos sentidos. Como o Mundo seria diferente se cada um de nós a afagasse com ternura e abrindo o coração a defendesse da destruição do homem. Ela é a mãe que reúne em si tudo quanto há de mais belo e terno, que se renova e nos dá novo alento para a vida. Quando queremos meditar, onde encontramos o local ideal? Quando desejamos paz e silêncio onde vamos? É na mãe natureza que encontramos o doce colo de embalar para o corpo massacrado pelo dia a dia que nos obrigam a viver. É na sombra das suas árvores que repousamos do calor abrasador das carências humanas, da revolta da subsistência que tarda em chegar para parte da Humanidade. Será ao som das pequenas aves que caminharemos nas mansas águas do ribeiro da vida que nos irá levar para rumo desconhecido, mas lá chegados encontraremos aquilo que a terra não pode dar, mas que o seu Criador prodigaliza para todo o ser criado: o amor eterno.

sábado, outubro 11, 2008

Sonhos, só sonhos

Sonhei que os portugueses não eram o povo mais pobre da Europa. Sonhei que vivia no ano de 1972 e Portugal estava a crescer e não ia parar. Sonhei que nos últimos cinquenta anos este País teve políticos competentes a gerir o seu destino. Sonhei que vivia feliz neste jardim à beira mar plantado. Sonhei que havia justiça para todos. Sonhei que tinha um Governo que zelava por este povo. Sonhei que tinha segurança em casa ou na rua, de dia ou de noite, na minha terra ou longe. Sonhei que havia amor para dar e receber, só que acordei exactamente após essa sonolência tão prolongada. A última coisa de que me lembrava era de ver toda a gente a sorrir, alegre e feliz. Mas agora estou acordado e sinto que tudo isso é mentira. Como não desejo viver num Mundo assim, vou tentar recordar apenas que tenho - todos temos - muito amor para dar, mas também para receber. É necessário reflectir e agir, dando aos outros aquilo que temos. Vamos ter esperança e lutar com pensamento positivo. Dar aos outros o que não nos faz falta é sempre importante, mas é mais sublime dar-mo-nos sem nada esperar em troca. Há muita gente com necessidades materiais, mas há muito mais com falta de afecto, de verdadeiro amor. De que estamos à espera?