sexta-feira, agosto 29, 2008

As grades da vida

Nascemos, vivemos e morremos, a isso se resume a vida de cada um de nós. É na infância que começamos a sentir o gosto do querer e lentamente, qual fruta que vai amadurecendo, também fazemos planos, traçamos objectivos. Enquanto jovens assumimos que desejamos o que é bom, copiamos os modêlos que nos seduzem, interiorizando a sua forma de ser e estar na vida. Mas à medida que vamos crescendo, os adultos colocam-nos grades e passamos a ver o mundo através de uma janela aberta, mas vedada pelo ferrete das carências. Cedo nos apercebemos que a felicidade não passa de uma quimera, mas aqueles que conseguem forjar uma personalidade ousada não esmorecem, lutam na esperança de a encontrar. Todo o ser humano tem direito a ser feliz, mas os homens negam-nos esse direito diáriamente. A sociedade tem normas e leis que são feitas para os poderosos, esquecendo os outros. Quanta responsabilidade têm aqueles que governam as nações e que aplicam as leis onde não se reflete a justiça e os direitos do ser humano. Quem me dera ser jovem para ao menos ter uma ponta de esperança nos homens que fazem as leis e nos políticos que as aplicam. Quem me dera não verter lágrimas de dor ao olhar para o que me rodeia, agora que estou no Outono da vida. Aguardo a chegada do comboio que me levará para o destino marcado e que é comum a todos os mortais. Para aqueles que estão na primavera da vida eu quero deixar um conselho: não desistam de lutar por uma vida melhor, mesmo que tenham de o fazer no interior de uma janela com grades. Lá fora o mundo é dos audazes, dos que não perdem a esperança, mas é do interior que cada um a amassa.

segunda-feira, agosto 25, 2008

Solidão

Teu lugar continuará vazio
Em ti jamais me sentarei
Quero estar pronto no Estio
Mas só de pé me manterei
*
Quando chegares irmã morte
Encontrar-me-ás à espera
Leva-me em tua sorte
Serei tudo menos o que era
*
Em pé continuarei a ser eu
Firme nas convicções vividas
Só hirto e gelado serei teu
Qual esfinge de feições lívidas
*
Corpo despido de matéria
Serei apenas alma do Criador
Longe estará a miséria
De uma vida sem amor
*
Esperança é porto firme
Luz é lugar perene
À vida das trevas serei imune
Com o meu Senhor ao leme
*
Voarei para lugar marcado
Sem amarras e sem asas
Deixarei o meu pecado
Levitando sobre as casas
*
Sem pés caminharei
Sem braços abraçarei
Àquele que me receber
Meu coração entregarei
*
Parece irreal mas chama-se lucidez
O pensamento é livre e divaga
Sempre quis a pura nudez
Mesmo que seja uma verdade amarga
*
Para além da morte há vida
Qual será o seu sentido?
Pergunto porque tenho dúvida
Ai de alguém que me tenha mentido
*
Se for verdade rejubilarei
Mas se for mentira revoltar-me-ei
Apesar disso pouco me importa
Porque na verdade não sei onde estarei


ES

domingo, agosto 10, 2008

Tempo de ter Tempo

É tempo de dar tempo. É tempo de reeniciar o contacto com os amigos da blogosfera. É tempo de visitar aqueles que me acompanham desde há muito. É tempo de dar e receber amizades, umas que perduram , outras que ficaram pelos caminhos estreitos do tempo. É tempo de arranjar um pouco de tempo, mesmo que ele seja escasso. Sinto a falta do contacto com aqueles que sintonizam a mesma onda, por isso utilizei agora algum tempo para dar um tempo do meu tempo. Tempo que não é meu, tempo que me foi oferecido por Deus, tempo que sinto necessidade de disciplinar, pois só dessa forma o poderei aproveitar. Vou tentar disponibilizar um pouco do tempo, mesmo daquele que me faz falta, para poder estar por aqui. Afinal, cada dia tem 24 horas, o que equivale a 1.440 minutos, de facto são muitos minutos, é muito tempo. Mas este tempo multiplicado pelos anos que vivemos, quantos minutos dará? Cada um que faça as contas, eu não as fiz, mas vou passar a contabilizar. Terei que disciplinar e racionalizar o meu tempo, mas espero em Deus que tenha tempo para o fazer. Mas não estarei já a perder tempo de mais? Espero que não, aproveitem bem o tempo, é a única coisa que temos de graça para gerir, mas cuidado, não o deixem fugir. Até breve.