quarta-feira, dezembro 31, 2008

Bom Ano 2009


O ano de 2008 está a findar, viva o Novo Ano de 2009. Quando pensei em fazer um pequeno texto de saudação neste espaço destinado àqueles que me visitam, logo me vieram à mente várias gravuras para o ilustrar. Não tive qualquer dificuldade na escolha por esta imagem que é ideal para mim, ou não fosse o nascer do sol um dos momentos mais belos de um novo dia que, neste caso, representa o porvir de um Novo Ano. É ocasião para desejar a todos um ano de 2009 tal qual como cada um o pretenda, um ano onde possam ser realizados os sonhos que esperam que a vida poderá oferecer.

quarta-feira, dezembro 24, 2008

Natal hoje

É Natal. Palavras simples, concretas e actuais. Nada melhor para ilustrar este post que um quadro tão conhecido como este com dois anjos. Com um olhar ausente, como que esperando por algo, para nos fazer lembrar esta data. Tal como eles, nós esperamos sempre alguma coisa boa, um presente, um miminho, qualquer coisa que nos satisfaça.
Mas o Natal é sobretudo para os mais pequenos, com que ansiedade eles aguardam por esse dia! Eles sabem que vai haver presentes, sejam do Menino Jesus ou do Pai Natal, conforme a crença dos adultos. É maravilhoso olhar para os seus semblantes quando desembrulham as prendinhas, sejam valiosas ou não. Por vezes, uma coisa simples, é suficiente para uma manifestação espontânea de alegria e que nos deixa embevecidos.
Contudo, há a outra face da moeda, ou seja, aqueles para quem também é Natal, mas não sabem sequer o que é receber prendas, são os que nada têm. O seu número é tão vasto que nos devia deixar tristes e amargurados.
Comemoramos o nascimento do Deus Menino, mas a verdade é que Ele, em pleno século XXI, ainda não chegou ao coração de milhões de pessoas. E é tão fácil que tal aconteça. Basta um sorriso para aquele que não conhecemos, mas com quem nos cruzamos na rua e ao cumprimentá-lo desejamos Bom Natal; sair do conforto do nosso lar e visitar alguém que esteja doente ou carecido; doar ao outro alguma coisa que sabemos não ter, mas precisar. Tudo isto é uma questão de espírito, o do Natal.
O Natal deveria ser em primeiro lugar para os mais desfavorecidos e só depois para nós.
Que tal começarmos a fazer isso neste Natal?
Boas Festas para todos com as bênçãos do Deus Menino.

terça-feira, novembro 18, 2008

Dia da folha

Hoje decidi instituir o dia da folha. Pois se há dias para tudo, porque não posso criar "um dia da folha?" Está feito, hoje, para mim é o dia da folha. Eu explico o porquê. De manhã olhei para a minha cerejeira e vi que estava quase despida, ou seja, sem folhas. Esteve bastante vento e cairam mais uns milhares de folhas (sim milhares, foi o que escrevi), pelo que passei mais de duas horas a varrer toda a área circundante. Mas como o sr. vento estava inquieto e com vontade de brincar, demorei mais tempo que o previsto, pois ele entreteve-se a brincar ao gato e ao rato afastando as pobres folhas para um lado e para o outro. Mesmo assim e com uma elevada dose de paciência, fui juntando toda a folhagem e tudo voltou a ficar como dantes: limpo.
Todos os anos perco algumas horas a fazer este trabalho no outono, pois a minha cerejeira é exigente. Despe-se no outono ( brrrrr, não percebo como ela se despe nesta altura do ano, com vento e frio) e na primavera começa novo ciclo voltando a vestir-se de verde, depois apresenta a sua bela flor branca, convida as abelhas para as polinizarem e finalmente vai começando a criar as cerejas que por ocasião de Maio estarão a pintar e mais tarde já prontas a comer. Só que, quando as cerejas estão vermelhinhas, começo a receber a visita permanente das mais diversas aves como pardais, melros e tantas outras. São centenas de visitas diárias que mesmo sem pedirem licença, lá vão comendo as cerejinhas. Mesmo assim, não fico triste, pelo contrário, sinto-me satisfeito por contribuir para o sustento de tanta passarada. Por vezes, só desejava que me deixassem ficar mais cerejas, mas possivelmente fazem mais falta a eles que a mim, paciência, penso eu. Este verão ainda fiz um "espantalho" - e bem grande - que coloquei quase no topo da cerejeira, mas verifiquei que eles não ligaram nenhuma ao boneco, comeram e levaram as que quiseram. Dos meus visitantes, aqueles que mais admiro são os melros, mais atrevidos, comem um ou dois frutos e levam quase sempre uma no bico, provavelmente para os filhotes que terão no ninho. Mas sabem porque não me importo? É que eles quando estão saciados deliciam-me com o seu cantar, fico encantado a ouvi-los. Só por isso, já vale a pena o trabalho que tenho todo o ano a tratar da cerejeira.

terça-feira, novembro 04, 2008

Política


No dicionário da língua portuguesa encontramos, para quem não sabe, o significado desta palavra: ciência ou arte de governar uma nação; orientação administrativa de um governo e por aí adiante. Ou seja, as pedras basilares do exercício da política deveriam ser a arte, ciência e orientação em prole dos povos que cada nação administra. Leram bem, sim, eu disse: deveriam ser, mas de facto não são, ou antes, aqueles substantivos têm uma interpretação oposta ao seu verdadeiro significado. Exercer política é uma arte nobre, sempre a entendi como tal, mas há políticos que fazem da mesma uma reles arte onde a verdade e a defesa do cidadão não têm lugar. Mas isso não sucede apenas em Portugal, acontece um pouco por tudo o mundo. Contudo, neste momento o que nos interessa é o nosso país, vamos reflectir um pouco sobre isso. Confesso que, pessoalmente, nunca me inclinei para a prática política, mas a verdade é que a mesma é tão importante nas nossas vidas que nunca descurei o acompanhamento desse exercício ao longo da minha vida. Não tive oportunidade de exercer a cidadania - através do voto - antes do levantamento de 25 de Abril de 1974, mas após essa data nunca permiti aos outros que decidissem por mim, mesmo quando aqueles em quem votei não cumpriram o que haviam prometido. Se eles não foram sérios, eu fui coerente e espero continuar a ser. É através do exercício da governação que um povo pode, ou não, ter uma vida digna. Há todo um conjunto de "poderes" - só ao alcance de quem os exerce - que acaba por ser imposto a uma nação, sem que aqueles que a compõem disponham de meios para se defenderem, mesmo em democracia. Nós elegemos um governo, mas este depois de eleito passa a deter o poder de nos representar, mesmo que actue contra os nossos interesses! É a dura realidade. Um governo tem a obrigação de proporcionar a todos os cidadãos as condições e os meios necessários à vivência de um dia a dia com dignidade, isso faz parte do articulado da Constituição da República e como tal deveria ser respeitado. Contudo, olhando em volta, o que vemos? A sociedade portuguesa é formada agora por duas camadas de população: os que estão bem na vida e aqueles que pouco ou nada têm. Dirão: mas sempre houve ricos e pobres, sim, isso é verdade, mas será bom notar que o número daqueles que pouco têm ainda não parou de aumentar. O nosso país é o que tem menor rendimento per capita na União Europeia, isso diz-nos alguma coisa? Claro que diz, pois sentimos na pele, apesar de nos quererem convencer que isto nunca esteve tão bom, de facto está bom, mas apenas para alguns. Eu nunca fui, nem sou contra os políticos, apenas abomino a forma como esses senhores fazem politica. Certamente que todos queremos políticos sérios e competentes para nos dirigirem, mas eu começo a perder a esperança de ainda ter a felicidade de beneficiar de uma situação onde esses valores sejam postos em prática por aqueles que detêm o poder. Estamos no meio de uma crise financeira que dentro de pouco será económica a nível mundial, estão a ser tomadas decisões que vão afectar o nosso presente e possivelmente o futuro dos nossos filhos e netos, devemos exigir que aqueles que elegemos cumpram o seu dever. Há alguns anos que estamos a assistir ao peso do Estado sobre o cidadão, será que isso vai continuar? Haverá alguma diferença entre o esmagamento económico do cidadão e aquele que outrora foi feito pelos tanques em Praga, por exemplo? Claro que há, mas a imagem tem que ser rude e suficiente explicativa. Já "cheira" a eleições e a única arma do povo é o voto. Espero que cada um de nós seja capaz de se exprimir livre e conscientemente no sentido de entregar os destinos da nação a dirigentes que reúnam condições morais para tal. O voto é das poucas coisas que nos resta da democracia, saibamos usá-lo em favor dos que mais precisam, daqueles que pouco ou nada têm.

quarta-feira, outubro 29, 2008

Menina à janela


Menina que estás à janela..., assim começa uma canção bastante popular que enfatiza a forma como os jovens namoravam no século passado. Os rapazes não tinham liberdade para sair com as suas "amadas", namoravam apenas aos Domingos e normalmente de fora das casas. Ainda tive oportunidade de constatar isso na década de 60, elas à janela e eles cá em baixo na rua de pescoço esticado e olhar fixo na janela, e era assim que namoravam. Mais tarde já os jovens podiam ir a casa das moças, mas era preciso a autorização dos pais e quando tal acontecia, havia sempre uma mãe extremosa que ficava por perto a ouvir a conversa e vigiar os "pombinhos", não fosse haver algum avanço do moço atrevido. Quando o tempo de namoro já era razoável, então os jovens podiam sair, mas havia sempre alguém que os acompanhava, um irmão, uma prima, um amigo ou amiga - o nome próprio para esses acompanhantes era "pau de cabeleira", não me perguntem o significado, porque sinceramente não sei -pois os pais queriam que as suas filhas não se "transviassem". Lentamente a sociedade foi evoluindo e esses hábitos caíram em desuso, mas a verdade é que é salutar lembrar esses tempos e porque não fazer a comparação com a forma como hoje se processa o namoro? De facto a similaridade quase não existe, actualmente nem é preciso namorar para casar, mas perdeu-se o romantismo e encanto que tal representava. Casava-se pela igreja, era uma festa familiar e social, havia uma "lua de mel" para o jovem casal que mal se via livre das obrigações encetava a fuga. Mas muitos tinham à espera as "partidas" dos amigos: latas penduradas em pontos estratégicos do carro que quando se punham em marcha assinalavam ruidosamente a arrancada e constituíam gozo para os autores da partida. Quantas vezes os carros eram pintados com as mais diversas inscrições, mas tudo isso era aceite pelos noivos como complemento normal do enlace. Se o casamento era em dia de chuva, alguém sentenciava: casamento molhado é casamento abençoado, vão ser felizes. Usos, factos e coisas que passaram à história, mas que sabe bem recordar nos tempos que correm.
Nota: Para os mais saudosos deixo a música de Vitorino que poderão encontrar no fundo do blog.

segunda-feira, outubro 20, 2008

Natureza sublime

Haverá algo mais belo que vislumbrar a água descendo suavemente pelas encostas do rio, como um múrmurio de amor de alguém que amamos? Fitar a fauna verdejante de olhos húmidos de um verde de esperança? Sentir o calor do sol que abrasa quem abraça? Ouvir o chilrear das aves que agradecem o dom da vida? Oh, como a natureza é bela e nós ingratos, não somos capazes de o reconhecer. Em vez de a amar, maltratámo-la e espezinhamos o doce aroma que inunda os nossos sentidos. Como o Mundo seria diferente se cada um de nós a afagasse com ternura e abrindo o coração a defendesse da destruição do homem. Ela é a mãe que reúne em si tudo quanto há de mais belo e terno, que se renova e nos dá novo alento para a vida. Quando queremos meditar, onde encontramos o local ideal? Quando desejamos paz e silêncio onde vamos? É na mãe natureza que encontramos o doce colo de embalar para o corpo massacrado pelo dia a dia que nos obrigam a viver. É na sombra das suas árvores que repousamos do calor abrasador das carências humanas, da revolta da subsistência que tarda em chegar para parte da Humanidade. Será ao som das pequenas aves que caminharemos nas mansas águas do ribeiro da vida que nos irá levar para rumo desconhecido, mas lá chegados encontraremos aquilo que a terra não pode dar, mas que o seu Criador prodigaliza para todo o ser criado: o amor eterno.

sábado, outubro 11, 2008

Sonhos, só sonhos

Sonhei que os portugueses não eram o povo mais pobre da Europa. Sonhei que vivia no ano de 1972 e Portugal estava a crescer e não ia parar. Sonhei que nos últimos cinquenta anos este País teve políticos competentes a gerir o seu destino. Sonhei que vivia feliz neste jardim à beira mar plantado. Sonhei que havia justiça para todos. Sonhei que tinha um Governo que zelava por este povo. Sonhei que tinha segurança em casa ou na rua, de dia ou de noite, na minha terra ou longe. Sonhei que havia amor para dar e receber, só que acordei exactamente após essa sonolência tão prolongada. A última coisa de que me lembrava era de ver toda a gente a sorrir, alegre e feliz. Mas agora estou acordado e sinto que tudo isso é mentira. Como não desejo viver num Mundo assim, vou tentar recordar apenas que tenho - todos temos - muito amor para dar, mas também para receber. É necessário reflectir e agir, dando aos outros aquilo que temos. Vamos ter esperança e lutar com pensamento positivo. Dar aos outros o que não nos faz falta é sempre importante, mas é mais sublime dar-mo-nos sem nada esperar em troca. Há muita gente com necessidades materiais, mas há muito mais com falta de afecto, de verdadeiro amor. De que estamos à espera?

quarta-feira, setembro 24, 2008

Espelho da alma


Mulher, porque tapas o rosto?

É por prazer ou vergonha?

Será para teres privacidade?

Teus olhos são lindos, imanam luz celeste

Teu olhar reflecte sentimentos

Transparece amor e ódio

Desejo de paixão profunda

Esperança num amor que já tens

Ou no que ainda procuras?

Recato de um rosto escondido

Por amor não correspondido?

Deixa-me fixar tuas pupilas

Reflectir em teus receios

Ir às profundezas da tua alma

Fazer lá o meu ninho de amor

Gozar dos teus sentidos

Olhar contigo para o Mundo

Abraçar o teu desespero

Estreitar todo o teu amor

Sorver tão doce deleite

Mesmo que tal me cause dor

A mágoa de não te poder ter

O desejo ardente de te possuir

São esperanças que sempre terei

Mesmo que me queiras banir

O sol continuará a brilhar

Tu continuarás a olhar

Eu nunca deixarei de o sentir

Talvez um dia me recebas

Permitas que meus olhos brilhem

Em mim cries sentimentos

Que para sempre serão seguidos

Áquem ou além, pouco importa

Minha alma será gémea

Do teu olhar penetrante

Mesmo que fiques distante

Eu estarei sempre presente

Aqui, agora e para sempre

quinta-feira, setembro 11, 2008

A Verdade


Sete letras formam a palavra verdade. No dicionário português a definição para verdade corresponde a: conformidade da ideia com o objecto; do pensamento com a expressão; do facto narrado com a sua realidade; qualidade do que é verdadeiro; realidade; coisa certa e verdadeira; boa fé; sinceridade. Certamente poderíamos acrescentar mais expressões significativas, mas é desnecessário. O que o dicionário não diz é que o ser humano interpreta o conceito de verdade da forma que mais lhe convém, vemos isso diariamente. Dissecar sobre a verdade daria para escrever muitos livros e mesmo assim seriam insuficientes. Tudo o que é simples não merece um tratamento tão expressivo, pois pode parecer que perde a sua substância, o que não corresponde à realidade das coisas.
Quando comecei a escrever este texto pensei em muitas coisas que poderiam ilustrar a verdade, mas na realidade tive dificuldade em articular os sentidos na procura de uma imagem que, porventura, pudesse consubstanciar a verdade. Acabei por escolher uma foto de água límpida de uma ribeira envolta por grandes pedras. O significado é óbvio. Todos nós somos livres para aceitar, defender e praticar a verdade, praticar sim, pois a verdade pratica-se. A verdade é um bem precioso, inestimável e pode ser um factor de união da humanidade, assim como a mentira é um mal execrável, podendo ser uma forma de divisão desumana e até cruel.
A nossa sociedade actual não dá valor à verdade, mas viver sem ela é impossível. Vida sem verdade não é vida. Dizer sim quando deve ser e não quando tem de ser não é fácil, pois por vezes tem que ser contra tudo e contra todos. Vergílio Ferreira diz no seu livro Pensar: berra o teu sim ou o teu não e deixa aos fracos o talvez. Os erros passam, mas a verdade fica porque faz parte do nosso ser.
No dia a dia somos confrontados com a falta de verdade que nos surge de todos os quadrantes, a comunicação social que entra em nossas casas veicula mais a mentira que a verdade, utilizando muitas vezes as meias verdades para vender o seu peixe. Em Portugal – e no Mundo – há uma classe de pessoas que, em permanência, faz o jogo interpretativo da verdade de uma maneira peculiar: os políticos. Eles não “mentem” – sabem que, por chamar mentiroso a alguém, o sujeito pode processar-nos? - apenas não dizem a verdade, na maior parte dos casos, contornando-a.
A apreciação que o escritor Eça de Queiroz fazia em 1867 dos políticos de então assenta bem – ainda hoje – à nossa classe política:
“Ordinariamente todos os ministros são inteligentes, escrevem bem, discursam com cortesia e pura dicção, vão a faustosas inaugurações e são excelentes convivas. Porém, são nulos a resolver crises. Não têm a austeridade, nem a concepção, nem o instinto político, nem a experiência que faz o ESTADISTA. É assim que há muito tempo em Portugal são regidos os destinos políticos. Política de acaso, política de compadrio, política de expedientes. País governado ao acaso, governado por vaidades e por interesses, por especulação e corrupção, por privilégio e influência de camarilha.
Eça de Queiroz, in 'Distrito de Évora (1867).
Apesar do que acima fica dito, ainda penso que não devemos generalizar, mas a excepção à regra é muito reduzida. Os povos têm direito à verdade e nem o Estado se deve sobrepor a tal disposição. Democracia e liberdade não são incompatíveis com a verdade e devem ser respeitadas pelos governantes até ao limite, só assim terão direito ao apreço do povo que governam.

sexta-feira, agosto 29, 2008

As grades da vida

Nascemos, vivemos e morremos, a isso se resume a vida de cada um de nós. É na infância que começamos a sentir o gosto do querer e lentamente, qual fruta que vai amadurecendo, também fazemos planos, traçamos objectivos. Enquanto jovens assumimos que desejamos o que é bom, copiamos os modêlos que nos seduzem, interiorizando a sua forma de ser e estar na vida. Mas à medida que vamos crescendo, os adultos colocam-nos grades e passamos a ver o mundo através de uma janela aberta, mas vedada pelo ferrete das carências. Cedo nos apercebemos que a felicidade não passa de uma quimera, mas aqueles que conseguem forjar uma personalidade ousada não esmorecem, lutam na esperança de a encontrar. Todo o ser humano tem direito a ser feliz, mas os homens negam-nos esse direito diáriamente. A sociedade tem normas e leis que são feitas para os poderosos, esquecendo os outros. Quanta responsabilidade têm aqueles que governam as nações e que aplicam as leis onde não se reflete a justiça e os direitos do ser humano. Quem me dera ser jovem para ao menos ter uma ponta de esperança nos homens que fazem as leis e nos políticos que as aplicam. Quem me dera não verter lágrimas de dor ao olhar para o que me rodeia, agora que estou no Outono da vida. Aguardo a chegada do comboio que me levará para o destino marcado e que é comum a todos os mortais. Para aqueles que estão na primavera da vida eu quero deixar um conselho: não desistam de lutar por uma vida melhor, mesmo que tenham de o fazer no interior de uma janela com grades. Lá fora o mundo é dos audazes, dos que não perdem a esperança, mas é do interior que cada um a amassa.

segunda-feira, agosto 25, 2008

Solidão

Teu lugar continuará vazio
Em ti jamais me sentarei
Quero estar pronto no Estio
Mas só de pé me manterei
*
Quando chegares irmã morte
Encontrar-me-ás à espera
Leva-me em tua sorte
Serei tudo menos o que era
*
Em pé continuarei a ser eu
Firme nas convicções vividas
Só hirto e gelado serei teu
Qual esfinge de feições lívidas
*
Corpo despido de matéria
Serei apenas alma do Criador
Longe estará a miséria
De uma vida sem amor
*
Esperança é porto firme
Luz é lugar perene
À vida das trevas serei imune
Com o meu Senhor ao leme
*
Voarei para lugar marcado
Sem amarras e sem asas
Deixarei o meu pecado
Levitando sobre as casas
*
Sem pés caminharei
Sem braços abraçarei
Àquele que me receber
Meu coração entregarei
*
Parece irreal mas chama-se lucidez
O pensamento é livre e divaga
Sempre quis a pura nudez
Mesmo que seja uma verdade amarga
*
Para além da morte há vida
Qual será o seu sentido?
Pergunto porque tenho dúvida
Ai de alguém que me tenha mentido
*
Se for verdade rejubilarei
Mas se for mentira revoltar-me-ei
Apesar disso pouco me importa
Porque na verdade não sei onde estarei


ES

domingo, agosto 10, 2008

Tempo de ter Tempo

É tempo de dar tempo. É tempo de reeniciar o contacto com os amigos da blogosfera. É tempo de visitar aqueles que me acompanham desde há muito. É tempo de dar e receber amizades, umas que perduram , outras que ficaram pelos caminhos estreitos do tempo. É tempo de arranjar um pouco de tempo, mesmo que ele seja escasso. Sinto a falta do contacto com aqueles que sintonizam a mesma onda, por isso utilizei agora algum tempo para dar um tempo do meu tempo. Tempo que não é meu, tempo que me foi oferecido por Deus, tempo que sinto necessidade de disciplinar, pois só dessa forma o poderei aproveitar. Vou tentar disponibilizar um pouco do tempo, mesmo daquele que me faz falta, para poder estar por aqui. Afinal, cada dia tem 24 horas, o que equivale a 1.440 minutos, de facto são muitos minutos, é muito tempo. Mas este tempo multiplicado pelos anos que vivemos, quantos minutos dará? Cada um que faça as contas, eu não as fiz, mas vou passar a contabilizar. Terei que disciplinar e racionalizar o meu tempo, mas espero em Deus que tenha tempo para o fazer. Mas não estarei já a perder tempo de mais? Espero que não, aproveitem bem o tempo, é a única coisa que temos de graça para gerir, mas cuidado, não o deixem fugir. Até breve.

domingo, março 23, 2008

Ressurreição

Eu sou a ressurreição e a vida, disse Jesus. Em dia de Páscoa é bom recordar estas palavras. Tão atarefados andamos com o dia a dia que, mesmo sem o desejarmos, esquecemos o essencial da vida, o que de bom ela tem. Para os cristãos este é o dia da afirmação e da confirmação. Cristo viveu, morreu e ressuscitou para nos dar Vida. A vida que está em cada um de nós e aquela que nos rodeia. Respeitemos a vida no seu todo, flores, plantas, animais, meio ambiente, mas sobretudo respeitemos a Vida dos outros, só assim teremos direito a que respeitem a nossa.

sábado, fevereiro 16, 2008

Somos pó



"Lembra-te que és pó. E ao pó retornarás". A frase é do livro de Eclesiastes e tem a finalidade de lembrar ao homem a sua condição perecível e transitória neste Mundo. A Igreja católica recorda-a em quarta-feira de Cinzas apelando aos crentes no sentido da penitência. Para católicos ou não, esta é uma realidade intransponível, independentemente da sua vontade. A matéria humana de que somos feitos tem o seu princípio e fim. No entanto, enquanto vida, é solidificada pela alma que, essa sim, permanecerá para sempre. Porém, será lícito que me respondam: isso é uma questão de fé, também é verdade, mas sem fé nada conseguimos e através dela mantemos a esperança na luta por uma vida melhor, acreditando que existe algo mais para além de um corpo que se tornará em pó. Abençoados aqueles que acreditarem, disse o Senhor. Estas palavras vêm no contexto da Vida que o Criador nos concedeu. Nada - no sentido material e da compreensão humana - nos prova que haja vida para além da morte, por isso a fé é um dom de Deus e como tal devemos cultivá-la. A Igreja católica, pela voz da bispo do Porto, D. Manuel Clemente, advoga que para esta quadra quaresmal (o tempo de preparação para a ressurreição do Senhor) as ofertas dos fieis sejam canalizadas para "tudo quanto defenda e promova a vida, da concepção à morte natural". Instituições de solidariedade social que promovam a assistência à terceira idade, apoio aos toxicodependentes ou combatam a prostituição, poderão ser contemplados pela sua acção. É uma forma digna e eficaz de apoiar a Vida. Todos nós, católicos ou não católicos, temos em consciência a obrigação de apoiar a Vida que é um valor supremo - mesmo que a sociedade não o faça e os poderes constituídos não assumam o seu dever em promovê-la, apoiá-la e defendê-la. Cristo morreu para nos dar a Vida, não desistamos dela e teremos a devida compensação. Paz e bem para todos.

domingo, janeiro 20, 2008

Água de Fátima

Vamos dialogar um pouco sobre a água de Fátima, mais concretamente, sobre a água que muitos milhares de peregrinos levam como recordação ou para uso e da qual se abastecem nas torneiras existentes em redor do monumento ao Coração de Jesus, no recinto do Santuário de Fátima. Quando ainda tinha no ar o blog "Fátima cidade de acolhimento", um internauta perguntou-me se a mesma era natural (de poço, entenda-se). Assim é. Esta água, à qual muitos atribuem poderes milagrosos, é proveniente de um poço que foi descoberto muito antes das obras da antiga basílica e que após essa construção ficou soterrado, mas incólume e preservado. O monumento ao Coração de Jesus (que vemos na imagem acima) foi construído sob o poço e à sua volta colocadas torneiras, permitindo dessa forma que os peregrinos a utilizassem. Sabemos - por fonte fidedigna do Santuário de Fátima - que este poço é de água nascente naquele local, mantendo a pureza natural e cuja qualidade é analisada e avaliada periodicamente pelos responsáveis. Quanto aos poderes milagrosos que muitos peregrinos lhe atribuem é uma questão de fé pessoal, mas lembramos que quer no Antigo quer no Novo Testamento, são descritas curas milagrosas através da sua ingestão ou simples banhar. A fé continua a ser um dom de Deus transmitido ao Homem e este absorve ou não, segundo a sua liberdade de entendimento e opção.

sexta-feira, janeiro 11, 2008

Balanço de 2007

Foto: Notícias de Fátima

Nada melhor para primeiro post do ano de que começar por fazer o balanço do anterior. No ano de 2007 comemoraram-se 90 anos das aparições de Nossa Senhora. O Santuário de Fátima organizou diversos eventos de carácter formativo, informativo e cultural ao longo do ano, como congressos, conferências, colóquios, exposições e espectáculos diversos, com destaque para a música e teatro religioso, isso para além das cerimónias habituais destinadas aos peregrinos. Pela relevância, há duas realizações que merecem especial destaque: Os Congressos Internacionais. O primeiro que ocorreu de 9 a 12 de Maio sob o tema "Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo" e o segundo de 9 a 12 de Outubro sobre: "Fátima para o Século XXI". Qualquer destes eventos reuniu personalidades da Igreja e leigos de diversos quadrantes para tratar e debater o papel das aparições na vida da Igreja e do Mundo moderno. O congresso de Maio envolvendo aspectos de índole pastoral e o de Outubro de natureza científica, mas qualquer deles de primordial importância. Para encerramento das comemorações esteve presente o Legado do Papa, Cardeal Tarcisio Bertone, que presidiu não só ás cerimónias da peregrinação de Outubro, como à bênção da nova Igreja da Santíssima Trindade, obra de grande vulto. Uma nota final a reter: Tudo indica que Fátima deverá ter recebido neste ano de 2007 o maior número de visitantes até agora, um número não inferior a cinco milhões de peregrinos, embora seja um dado estatístico ainda a confirmar.