sexta-feira, julho 07, 2006

Lisboa é coisa boa



Não sei se o ditado popular estará correcto, mas a verdade é que a capital portuguesa é única. Para quem lá vive e para quem a visita. Tem quase tudo que uma grande cidade possui de bom e mau. Quem residiu naquela cidade na década de 60 ainda teve possibilidade de aproveitar umas saídas dominicais aos arredores - e até ás praias - que não tinham a poluição de agora. Era bom ir até Sintra, Amadora, Queluz e outras zonas que eram ainda periferia de Lisboa, ou quase. Era como sair da cidade e ir passar umas horas ao campo. Nessa ocasião, a maior parte da zona circundante da capital ainda não era o "dormitório" da cidade. Aos domingos era mesmo para a borga. Uma ida ao cinema, era óptimo se os trocados chegassem. A minha preferência ia sempre para as casas que apresentavam filmes do Oeste, era uma perdição. Já nessa altura gostava de visitar os jardins, Recordo-me do Botânico e outros como os da Estrela, Parque Eduardo VII, etc. Cultura, confesso que nunca foi o meu forte nessa idade, apesar de ter visitado o Museu dos Coches, o das Janelas Verdes, o Militar em Santa Apolónia e pouco mais. Morei muitos anos junto ao Museu Gulbenquian, adorava andar lá dentro, pisar aquela relva, ver o lago com os patos, mas penso que apenas entrei nas salas de exposição duas vêzes. Da segunda visita à exposição saí maravilhado, recordo-me de belas peças - algumas famosas, como as esculturas - quadros muito conhecidos e outros artefactos de diversos materiais, as pratas, as cerâmicas, etc. Falando de jardins, lembro-me de inúmeras visitas ao Campo Grande, adorava percorrê-lo de ponta a ponta, parando sempre no lago onde estavam os barcos, passava largos minutos a apreciar os palmípedes que ali viviam sempre à espera de alguém que lhe atirásse com alimento. O jardim da Fonte Luminosa era paragem obrigatória, o cinema Império foi uma das casas de espectáculo que eu frequentei. O jardim Zoológico era sempre atracção. O tempo que passava em casa era escasso, não havia televisão, apenas existia em alguns cafés, mas não faltava entretenimento. A "malta" arranjava sempre um jogo de futebol, um passeio a qualquer lado. Os jovens dessa década conviviam muito, eu desde cedo que comecei a participar em actividades da Acção Católica e portanto a ocupação fora das horas de trabalho era constante. Guardo excelentes recordações dessa altura. O Encontro Internacional da Juventude em 1962 foi - até hoje - uma das mais gratas.

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