terça-feira, julho 25, 2006

O Poder do futebol em Portugal


Foto de António Azevedo/ASF


A publicação da foto é uma homenagem que pretendemos fazer ao secretário de Estado do Desporto, Laurentino Dias. Na conferência de imprensa do passado dia 19 de Julho e a propósito do caso Nuno Assis, jogador do Benfica, o governante teve a coragem de expôr públicamente aquilo que pensa - e por conseguinte o Estado Português - quanto ao possível doping daquele jogador no encontro disputado na Madeira entre o Marítimo e Benfica, em 03/12/2005. A história é (?) simples. O jogador em causa foi submetido ao controlo anti-doping e acusou positivo. A Comissão Disciplinar da Liga suspendeu o atleta por seis meses. O Benfica recorreu para o Conselho de Justiça da Federação (CJF), esta absolveu o jogador, anulando a decisão da Comissão Disciplinar da Liga e mandou arquivar o processo. O governante classificou o acórdão de "violação grosseira das normas, regulamentos e leis da luta contra o doping". Será bom lembrar que os motivos invocados pelo C.J.F. para a anulação se prende com "questões meramente formais" segundo comunicado da Federação Portuguesa de Futebol. TROCANDO POR MIÚDOS: mesmo havendo análise positiva, teria que ser devidamente especificado pelos organismos que se encarregaram da recolha, transporte e análise efectuada, o que segundo o governante, não corresponde. Razão tem o Sr. secretário de Estado para verberar este tipo de procedimentos que, na prática, acabam por impedir o devido castigo para aqueles que utilizam o doping. Pelo meio surgem acusações ao organismo que faz as análises (CNAD). Há aqui uma história mal contada. O Dr. Laurentino Dias assume que irá remeter o caso à Procuradoria-Geral da República, FIFA, UEFA e Agência Mundial Antidopagem (AMA) e eventualmente ao Tribunal do Desporto para apreciação. É a primeira vêz que um governante do Estado Português tem a coragem de "dar luta" aos "donos" do futebol, só por isso, merece o nosso apreço. O doping além de ser prejudicial à saúde, desvirtua o desporto, há que reconhecê-lo. Certamente que o caso não acaba aqui, vamos esperar pelos próximos capítulos.
Apenas algumas notas soltas. O futebol profissional tem regulamentos próprios, é necessário que TODOS aqueles que estão envolvidos os cumpram, infelizmente em Portugal não tem sido esse o caso. Cada organismo, clube ou atleta deve assumir as suas responsabilidades e não lutar únicamente pelos seus interesses. É necessário responsabilizar esses agentes, já que infelizmente muitos não são responsáveis.
Em Itália (campeã do Mundo de Futebol) ainda está a decorrer um processo que envolve os principais clubes da Série A do cálcio, quatro dos principais clubes (Juventus, Milan, Fiorentina e Lázio) já foram despromovidas à divisão secundária, para além de multas pecuniárias elevadas, suspensões a dirigentes e ábitros irradiados. O processo italiano prende-se com ilícitudes, tendo como principal objectivo a "compra" de resultados desportivos. Será que em Portugal isso seria possível? Com toda a sinceridade, duvidamos. Veja-se o caso "Apito Dourado", em que ficou?
É deveras lamentável que o futebol em Portugal continue a ser "um mundo à parte", onde há "donos" e o aspecto económico suplanta tudo o resto.
Será que um dia conseguiremos ver o poder político impôr-se e colocar o futebol português no plano de todos os outros sectores económicos e sociais? Tenho muitas reservas quanto a isso, mas até que isso aconteça, vamos ter esperança nessa possibilidade.

Um comentário:

Anônimo disse...

Obrigada pela sua visita. Tenha uma boa semana.
Debbie